Achei super bacana esta reportagem, vale a pena ler e refletir. Espero que seja útil
Quem tem filho sabe: distrair uma criança não é tarefa fácil. Fazê-la comer, dormir ou manter a manha sob controle pode levar os pais a atitudes extremas. E, quando elas funcionam, tornam-se maus hábitos no desenvolvimento do pequeno. Mas que pai já não recorreu à televisão para fazer o bebê comer ou lançou mão da chupeta para vê-lo parar de chorar?
Muitas destas ações dos pais são desaconselhadas pelos especialistas. “Nos últimos 20 anos, as crianças têm dado a ordem em casa. Já que ficaram tanto tempo no trabalho e longes do filho, os pais não querem frustrá-lo. Esse é o grande equívoco”, diz a neuropsicóloga infantil Ana Olmos. Segundo ela, é preciso que os pais introduzam logo cedo o princípio de realidade para a criança, mostrando os motivos pelos quais uma ação deve ou não ser feita.
O UOL Comportamento consultou especialistas para saber quais são os principais erros que os pais cometem ao tentar entreter as crianças e quais as alternativas para fugir deles. Ao menos uma conclusão é certa: “Tirar da criança um hábito ruim é mais difícil do que introduzir desde cedo um comportamento certo, mesmo que este dê trabalho”, afirma a pediatra Márcia Pradella-Hallinan, do Instituto do Sono.
Veja abaixo os erros mais comuns dos pais
Na hora de comer:
De olho na tela, a criança tende a aceitar com mais facilidade a ordem de abrir a boca sem nem encarar a comida. Hipnotizada pelo desenho, ela engole a papinha automaticamente, desprezando textura e sabor. “Ligar a televisão na hora de comer é muito nocivo”, avisa o pediatra Paulo Roberto Pachi, da maternidade Pro Matre. Esse hábito vai influenciar o comportamento da criança pelo resto da vida, fazendo com que ela desenvolva um paladar pouco apurado. Mesmo que seja uma tentação, o recomendado é tirar o pequeno da frente da TV e enfrentar a tarefa de torná-lo ativo, não passivo, na hora da refeição. Estimule a criança a entender que alimento vai comer e sua importância para a saúde.
Oferecer a mamadeira quando ela não quer o que tem no prato
Para a pediatra Ana Escobar, do Instituto da Criança da Universidade de São Paulo (USP), esse é um dos erros mais comuns. Diante da negativa da criança em comer sua comida –e aterrorizados com a possibilidade de a criança passar fome–, os pais entregam a conhecida mamadeira, com conteúdo quentinho e doce, e ela logo se acalma. “Se os pais começarem a substituir o que precisa ser ingerido pelo que é gostoso, estão perdidos.” Ou seja, o pequeno vai entender que pode, sim, trocar a comida pelo leite. Diante da birra, Ana Escobar aconselha pulso firme. “Se não quiser comer, não come. Deixa para matar a fome depois”, recomenda. Quando o apetite bater, e ao notar que os pais não cederam, a criança vai pedir o prato de volta.
Distrair os pequenos:
Deixar a criança em frente à TV enquanto você realiza outras tarefas
Essa "babá eletrônica" está sempre pronta para entrar em ação. “Ligar a televisão e deixar a criança ali na frente não é bom. Ela não escolheu aquilo e o pai não avaliou o conteúdo”, diz Bia Rosenberg, autora do livro “A TV que seu filho vê” e consultora em entretenimento educativo. E completa: “Ainda assim, duvido que nenhum pai faça isso”. A Academia Americana de Pediatras recomenda que uma criança com mais de dois anos veja no máximo duas horas de televisão por dia. Para aquelas com menos de dois anos, o eletrônico está proibido. O recomendável é estimular atividades motoras e brincadeiras. Para os mais velhos, se inevitável, é preciso escolher os desenhos previamente, discutir o tema com a criança durante a transmissão e controlar os horários. “Se usada com sabedoria, a TV pode se tornar uma aliada”, diz Bia.
Entregar ao bebê qualquer objeto, como o celular
Parece óbvio, mas não é todo mundo que sabe: os pequenos têm de brincar com objetos apropriados para cada idade. Diante de uma criança entediada com a conversa de adultos ou sem paciência para esperar a comida no restaurante, muitos pais entregam ao filho o que têm pela frente: celular, talheres, chaves ou o guardanapo. “A reação do bebê é levar tudo à boca, o que pode quebrar um dentinho ou machucar a gengiva”, diz a odontopediatra Lucia Coutinho. Segundo ela, até cerca de um ano e meio a criança tende a pegar o que tem pela frente para aliviar o incômodo causado pela dentição. Por isso, o conselho é ter sempre à mão massageadores ou mordedores para entregar ao bebê.
Liberar o computador
Deixar este aparelho livre para que os pequenos joguem ou naveguem pela internet pode render alguns minutos de paz aos pais. Mas o correto seria o inverso: em vez de descansar, os pais devem manter-se atentos ao conteúdo e ao tempo da atividade. Para Ana Escobar, esse período de “inatividade recreacional” deve durar no máximo duas horas por dia para crianças de até 12 anos. Em paralelo, os pais precisam estimular atividades ao ar livre, exercícios e brincadeiras não eletrônicas.
Na hora de dormir
Colocar um filme para embalar o sono
A princípio, até parece um bom negócio: a criança começa a assistir o desenho e, quando o pai percebe, ela já está dormindo. Mas não é. “Por mais manso que o filminho seja, a TV deixa a criança excitada. Ela vai dormir com o ‘Teletubbies’ na retina”, diz Paulo Roberto Pachi. “E ainda condiciona a criança a dormir desse jeito”, diz Bia Rosenberg. É preciso afastar o pequeno da TV ao menos uma hora antes de ele se deitar. “A melatonina [hormônio que regula o sono] precisa do escuro para ser liberada. Se o bebê adormece vendo televisão, é por fadiga”, afirma a neuropediatra Márcia Pradella-Hallinan, do Instituto do Sono. Uma luz fraca no canto do quarto está liberada.
Ninar o bebê para ele dormir mais rápido
“É um hábito nosso embalar o bebê de até um ano para que ele durma”, afirma Márcia. Mas a especialista não recomenda a prática depois dos primeiros meses. “Não é a mãe que tem de fazer a criança dormir. Ela deve adormecer por si só.” Se ninar for mesmo necessário, coloque-o no berço ainda acordado, para que adormeça sozinho. “A associação com o sono tem de ser feita com cuidado, para que os pais não virem reféns desta prática.” Uma boa sugestão é dar ao pequeno um “amiguinho de dormir” (um ursinho ou paninho), que ele possa levar a qualquer lugar. Ao pegar este objeto, ele reconhece que é hora do sono, o que o ajuda a se sentir seguro para adormecer.
Dar uma volta de carro para o pequeno adormecer
A tática é recorrente entre pais cujos filhos insistem em não dormir, mesmo depois da naninha. “Um dia, os pais percebem que a criança adormeceu no carro em movimento e usam isso como estratégia. Mas não é recomendável”, revela Márcia. Ao acordar no meio da noite, o pequeno vai pedir esses mesmos elementos para retomar o sono. E quem quer sair de madrugada para dar uma volta de carro toda vez que o bebê acordar? “Para 90% das crianças, o comportamento do sono é algo que precisa ser aprendido. É importante ter um ritual de dormir, para que ela se habitue”, diz a pediatra. Esse ritual deve ser seguido à risca, todos os dias e sempre no mesmo horário.
Parar de chorar
Oferecer a chupeta
Este acessório passa, em poucos meses, de mocinho a vilão no desenvolvimento do bebê. “Até os nove meses, ela satisfaz a criança e funciona como exercício para a boca”, diz Paulo Roberto. Ela também é sinônimo de alívio quando o filho aprende a fazer manha. Passados os nove meses, porém, a chupeta deve ser adotada com cautela. Seu uso constante altera o crescimento da arcada dentária e pode provocar mudança nos padrões da fala e da respiração. Para Lucia Coutinho, a solução é encará-la como um elemento pacificador, não como um tampão. “Use em um momento crítico, de dor ou choro, e na hora de adormecer”, diz Lucia. O aconselhável é que aos 30 meses a chupeta seja totalmente retirada.
Dar o peito sempre que o bebê chora
A reação natural da mãe, ao ouvir o choro de seu rebento, é oferecer o peito para que ele mame. “Mas peito não é chupeta”, afirma Lucia. Dependendo da idade, é preciso balancear essa oferta. “No primeiro mês de vida, o recém-nascido deve mamar quando quiser”, recomenda Paulo Roberto. “Aos seis meses, com a alimentação já consolidada, não tem mais porque fazer isso”, ele explica. Ana Escobar explica que, para evitar ter a amamentação como única alternativa ao choro, é preciso que a mãe aprenda logo cedo a identificar os motivos das lágrimas. Dessa forma, ela consegue atender à real necessidade do pequeno.
Fonte: UOL estilo
ANDRESSA ROVANI
Colaboração para o UOL
Crédito: blog Mamãe Antenada – por Pérola Boudakian.
Mães Xiitas
Sempre que ouço falar em amamentação prolongada por 2 anos ou mais, exclusiva por até 6 meses ou mais, escuto também das “mães xiitas”, defensoras do aleitamento, ortodoxas.
Claro que vem também a história de ser mais mãe ou menos mãe.Me vem à cabeça uma imagem terrível de mães em trincheiras batalhando pela verdade, batalhando entre si…
Eu confesso que tô mais para xiita. Explico.
Vivemos, nós mulheres em especial, numa sociedade que produz efeitos imediatos sobre o comportamento: a mídia de forma geral dita regras de conduta, dita tendência, dita modismos, dita posicionamentos, desde a cesárea da cantora x ao parto domiciliar da esposa do ator Y. É uma cultura do aqui, do agora, onde temos que responder pelo imediatismo e acima de tudo pela aquisição.
Uma cultura que exige que a mulher desempenhe papéis diversos, que a cobra por isso, mas que não garante que sua natureza seja respeitada, que não permite que se expresse no auge de sua feminilidade: parir e nutrir seus filhos!
Uma sociedade que mecanizou o nascimento pela cesárea e que está mecanizando o aleitamento pela mamadeira.
Então, nesse absurdo contexto neo liberal, porque seria diferente com a maternidade?
Engana-se quem não acredita que a maternidade é um produto lucrativo para o mercado capital.
Engana-se quem não compreende que incapacitar a mulher dá lucro.
Veja bem:
vende-se enxovais carissímos com muito mais do que o necessário para um bebê
vende-se quartos de bebês e apetrechos muito além do preciso para as demandas de um bebê
vende-se roupinhas e mais roupinhas – ate os bizarros saltos altos para bebês !!!
vende-se kits de mamadeira
vende-se esterlizadores de mamadeiras
vende-se escovinhas para mamadeiras
vende-se bicos para água, para leite, para líquidos engrossados
vende-se prendedores de chupetas
vende-se chupetas 0-6 meses
vende-se chupetas 6-24 meses
vende-se aparelhos para dentes
vende-se leite artificial (de tipos e qualidades variadas)
vende-se mais leite artificial para 1+, 2+, 6+ e etc
vende-se carrinhos e mais carrinhos de passeio
vende-se consultas e mais consultas à pediatras
vende-se suplementos, complementos, vitaminas e medicamentos.
Mas sabe o que não se vende? Leite materno não dá lucro.
Aleitamento prolongado não dá lucro.
Não vende mamadeira, chupeta, não vende!
Parir e nutrir no Brasil se reduziu a um vasto mercado para bebês em mega stores lotadas, em maternidades 5 estrelas.
E daí quando vc toma conhecimento disso tudo, quando finalmente a verdade te acerta duro na cachola e você descobre que o mercado capital é mais cruel do que imaginamos, não tem jeito de não militar, de não querer abrir os olhos de tantas mulheres que são convencidas de que são incapazes de parir e nutrir seus filhos, que se ferem acreditando que são incapazes, que falharam.
Realmente não são menos mães. São mães conduzidas socialmente de forma incoerente e cruel.
Leite fraco, pouco leite, insuficiente, peito caído, dor, romantizar o aleitamento, crucificar o aleitamento. No fim o resultado é um só: desmame precoce.
Hoje em dia não basta querer. Tem que querer muito. Muito mesmo.
Porque quando você descobre uma gravidez, já sabe que terá cumes altissímos para escalar se quiser um parto normal. Natural? Domiciliar?Tem que virar mãe -leoa, xiita e se preparar para desafiar saberes consagrados socialmente como inabaláveis.
Amamentar sem sair do consultório do pediatra com receita para leite artificial? Amamentar sem ouvir que teu leite é fraco, que seu bebê chora de fome? Tem que ter muito peito para desafiar a lógica do fracasso!E sabe porque? Porque não gira a roda da fortuna.
É uma realidade triste. Por isso, precisamos ser firmes em nossos propósitos, nos fortalecer, buscar informação de qualidade, ler, questionar e buscar coletivos que afinem com nosso jeito de encarar as coisas…
Se depender da TV, da mídia e de opiniões enraizadas e ensimesmadas, parir e nutrir continuará sendo mérito de meia dúzia de mulheres taxadas mundo afora de naturebas e xiitas…
É nesse mundo que você quer que teu filho/a cresça?