sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Por que crianças têm dificuldade de compartilhar

Estudo sugere que o ambiente onde os pequenos vivem e a educação que recebem são decisivos para aperfeiçoar a sociabilidade
 
© Oleinikova Olga/Shutterstock

A recusa em emprestar brinquedos ou dividir alimentos pode resultar de conexões neurais imaturas. Um estudo publicado na revista Neuron revela que a interação de centros de controle de impulsos é mais frágil em crianças pequenas e tende a se intensificar com o passar dos anos, na mesma medida em que elas aprendem e colocam em prática estratégias sociais.

Cientistas do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas e do Cérebro, na Alemanha, observaram crianças de 6 a 10 anos e pré-adolescentes tomando decisões simples durante um jogo. Eles deviam dividir fichas que valiam pontos (e prêmios) com um receptor anônimo em duas situações: escolher aleatoriamente quanto ceder sem nenhuma consequência e correr o risco de ter sua oferta recusada se a outra criança a achasse injusta – nesse caso, nenhuma das duas ganharia nada. Ou seja, a segunda tarefa exigia maior habilidade social.

Todos os participantes se comportaram de forma semelhante na primeira situação. Na segunda, porém, os mais jovens fizeram ofertas piores e se revelaram mais propensos a aceitar poucas fichas mesmo percebendo que era injusto. Neuroimagens captadas durante o experimento revelaram menor atividade no córtex pré-frontal, centro de tomada de decisões e autocontrole, das crianças mais novas. Estudos anteriores apontaram que menor atividade nessa região está associada a habilidades sociais menos aprimoradas.

Os autores do estudo sugerem que o ambiente onde a criança vive e a educação que recebe podem ser decisivos para aperfeiçoar a sociabilidade e o controle de impulsos nesse período de amadurecimento neural. 


Fonte: Mente e Cérebro

Crianças sob fogo cruzado

Sabemos de que é feita uma relação quando ela se desfaz; na separação os filhos podem ser as principais vítimas
por Christian Ingo Lenz Dunker
gonçalo viana (ilustração)

Em agosto de 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 12.318, que dispõe sobre a alienação parental, permitindo aos juízes interceder em casos de exageros praticados por um dos pais que ataca a imagem e a autoridade do outro. A síndrome da alienação parental faculta a imposição de penalidades ao cônjuge alienador (desde multa até a inversão da guarda). Descrita por Richard A. Gardner em 1985, a síndrome ocorre tipicamente no contexto de separação do casal, quando um dos pais começa uma campanha sistemática para desmoralizar o outro. Geralmente, aquele que detém a guarda da criança cria uma interpretação tão negativa do outro que o filho abandona sua habitual e esperada atitude (gerada pela separação) de divisão subjetiva, conflito e angústia, iniciando uma espécie de “alinhamento automático” (alienação). Passa a reproduzir discursos, crenças, práticas e sentimentos do alienador. Sem culpa ou ambivalência e com justificativas fracas ou absurdas para explicar a depreciação chega-se a situações nas quais o filho pode recusar visitar ou ver o pai ou a mãe, generalizando o ódio para outros parentes, o que pode ser lido como ato de desamor e “tomada de partido” por parte da criança, causando no genitor acusado decepção, indiferença e abandono, que acabam por “produzir” ou “confirmar“ o estado de coisas que inicialmente era uma ficção (mesmo que inspirada em fatos reais). Frases como “seu pai não se importa com você”, “ela não te (nos) ama”, “ele só quer saber da outra”, “ela nunca cuidou direito de você” tornaram-se, na expressão da lei, enunciados que nenhuma criança jamais deveria escutar de seus pais.


É comum que os filhos fiquem expostos ao processo de interpretação das razões, causas ou motivos da separação. São alvo de fogo cruzado, levando e trazendo recados, desaforos e ressentimentos de um para o outro.


Sabemos de que é feita uma relação quando ela se desfaz. E ela nem sempre se desfaz quando formalmente decretamos seu fim. Há finais que não terminam e há términos que não acabam. Por isso é raro que uma criança enfrente dificuldades realmente novas durante uma separação. Em geral, desvelam-se e ampliam-se as disposições e conflitos há muito tempo presentes. Isso é cruel no caso em que a criança é reduzida a instrumento de vingança, alienada ao desejo de um dos pais. Nesta circunstância ela é privada de uma das possibilidades mais importantes e criativas, fornecida involuntariamente pelo contexto: experimentar, reconhecer e confrontar sua própria capacidade de desejar separações.


O termo alienação possui dupla conotação: 1) estranhamento e impossibilidade de reconhecermo-nos em algo que nós mesmos produzimos, que nos aparece como algo separado de nós; 2) exteriorização, separação ou perda de nossa própria consciência. No século 18 os loucos eram chamados de alienados, pois supunha-se que não podiam se reconhecer nos próprios atos, que não tinham responsabilidade sobre eles e haviam perdido a própria consciência, estavam fora de si. Portanto, separar-se e alienar-se são literalmente sinônimos, mas ao mesmo tempo opostos. É isso que está em jogo na síndrome da alienação parental: privar a criança do mais simples, primário e esquecido direito à contradição. Imaginamos sempre que a coerência é um valor indiscutível na educação. Pais que praticam a alienação parental estão sendo racionalmente coerentes com seu desejo de vingança – e demasiadamente coerentes com sua interpretação extremada e rasa de quem está com a razão e quem é o melhor cuidador para a criança. É loucura ou alienação, mas não destituída de método. Ainda bem que nossa Justiça reconheceu, contra a supremacia da coerência, o direito da criança de experimentar sua própria contradição ao reconhecer-se na contradição do desejo do outro.
       
Fonte: Mente e Cérebro
Christian Ingo Lenz Dunker psicanalista, professor livre-docente do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Curso on-line sobre Amamentação Gratuito


A Buzzero oferece gratuitamente alguns cursos on-line bem interresantes, como esse sobre amamentação:


É acessar e se cadastrar e ainda ganha certificado. São informações básicas, porém importantes.

Espero que seja útil.

Forte abraço 

terça-feira, 17 de abril de 2012

O que leva a mãe prolongar o aleitamento materno de seu filho

   Uma grande dúvida surge na hora de desmamar o bebê. O Ministério da Saúde recomenda amamentar até dois anos ou mais. Minha filha está para completar 2 anos mês que vem, estou com muitas dúvidas de como irei fazer esse desmame, para que seja tão traumático (me importo com isso). Consultei um ginecologista que indicou um medicamento para secar o leite, e parar repentinamente, de uma hora para outra. Sinceramente, não creio que esta seja a forma mais correta a se fazer. Estou buscando ajuda, procurando artigos, lendo sobre o assunto. Conversando com mães que estão passando ou já passaram pela mesma situação. Encontrei um artigo científico muito interessante, gostaria de compartilhar.

Foto histórica da Cássia Eller amamentando seu filho Chicão – já bem grandão – em plena praia. Adorei.
Cássia Eller – 10 anos – 1962/2001


Prolongamento da amamentação após o primeiro ano de vida: argumentos das mães

RESUMO

O objetivo deste estudo foi identificar e analisar as justificativas referidas por mães para prolongar o aleitamento materno de seus filhos além do primeiro ano de vida da criança. A metodologia envolveu o estudo de 40 mães cujos filhos eram atendidos pelo Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais – Cepae – da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP. Para que a mãe fosse incluída no estudo, deveria estar amamentando depois do 12º mês de vida da criança. As participantes foram entrevistadas individualmente, utilizando-se um questionário específico. Todas as entrevistas foram gravadas em áudio. Os resultados mostraram que o motivo mais referido pelas mães para a manutenção da amamentação foi o prazer materno. Também foi observado que a proximidade mãe-bebê favorece o prolongamento do aleitamento. Estudos ainda são requeridos para obtenção de análises funcionais mais precisas de variáveis que levam ao prolongamento ou interrupção do aleitamento materno.


Acesse o artigo completo AQUI

Analisando o Desmame

Resumo

A amamentação reflete em geral a harmonia ou desarmonia na relação entre a mãe e o bebê. É uma situação rica em sensações tanto para a mãe quanto para o bebê. Mas à partir de um certo momento é necessário que essa relação incestuosa cesse para que a criança surja como sujeito e se torne mais autônoma. A brincadeira de deixar cair os objetos mostra quando a criança está preparada para o desmame. O desmame é a separação do corpo à corpo entre a mãe e o bebê, ele é simultâneo da divisão interna que institui o inconsciente.



A psicanálise nos diz que a relação que se estabelece entre a criança e a mãe durante o período de amamentação dá sua forma aos relacionamentos futuros e particularmente aos relacionamentos amorosos na idade adulta. Percebemos no entanto que nem sempre essa relação se passa de maneira harmoniosa e o desmame muito freqüentemente é problemático. A desarmonia entre a mãe e o bebê, em certos casos, parece ser tal que vai bem além da discordância fundamental existente entre os humanos, o que nos leva a refletir um pouco sobre o que se passa nesse momento.

Freud nos revelou que o bebê não se separa subjetivamente da mãe quando nasce, embora seu corpo se separe do dela. A verdadeira separação ocorre no momento do desmame. Por isso o bebê precisa continuar muito próximo da mãe até que esteja preparado para essa separação. A amamentação no seio parece ser a forma de cuidados com o recém-nascido que mais se aproxima da continuidade intra-uterina ao mesmo tempo em que prepara progressivamente o bebê para o desmame e para a autonomia.

Durante a vida intrauterina o bebê não sente falta de nada, mas ele já tem uma certa percepção do mundo que o rodeia. Aos dois meses o embrião já reage quando é tocado. O desenvolvimento das papilas gustativas e do olfato se faz logo em seguida mas a alimentação e a oxigenação são contínuas pelo cordão umbilical. Desde os 3 meses de gestação o feto é sensível aos estímulos sonoros. Ele ouve inicialmente os sons graves, tanto mais graves quanto mais jovem é. Ouve a voz da mãe que é mais próxima, e a voz do pai mais distante, além dos outros ruídos do meio. Ouve também o diálogo entre os pais e vive muito em função das emoções da mãe. Desde as primeiras semanas consecutivas à concepção o feto percebe os movimentos da mãe que dão um ritmo à sua vida. No sétimo mês de gestação a criança já pode ver, mas é pouco estimulada pela escuridão do ventre materno.

Algumas dessas percepções continuam depois do nascimento mas com a distinção dos corpos alguns cortes se operam rompendo a continuidade em que a criança vivia. Ela perde seus envoltórios e conhece a sensação de frio na pele que vem lhe provocar um certo mal-estar. Ela começa a sentir fome e sede que antes não sentia. Com poucos dias ela já mostra uma reação aos sabores pela mímica. A respiração entra em jogo o que se acompanha do nascimento da angústia e se manifesta por um grito.

Em seguida, o odor permitirá ao bebê reconhecer e sentir a proximidade de seu pai e sua mãe. Com 3 dias de nascido o bebê já distingue a voz da mãe de outra voz feminina. A voz da mãe estimula nele a atividade de sugar e de mamar. Ele passa também a conhecer a imobilidade externa que lhe dá uma sensação de desamparo. A criança manifesta desde cêdo um grande interesse pelo rosto materno, interesse que estaria na origem das primeiras identificações. Desde a primeira semana de vida, a atividade visual é função do valor que a mãe lhe dá, ou seja desse encontro com o rosto do outro.

Assim se estabelece a relação oral, cuja atividade consiste em mamar, sugar, engolir e morder, através da qual a criança busca restabelecer a completude em que estava no útero. Freud faz uma distinção entre sugar e mamar sendo que a mamada no seio materno é a primeira e mais vital das atividades. A sucção também é procura da satisfação como a mamada, mas somente na fantasia do bebê, o que nos mostra que ele procura algo mais além do que simplesmente saciar a fome.

O movimento de sucção que freqüentemente o bebê faz mesmo sem estar mamando, é também sinal de que está interessado por outras coisas no mundo que o rodeia. Ele engole, não somente o alimento, mas também o olhar, a voz e o calor da mãe. Ele é alimentado ao mesmo tempo pela boca, pelos ouvidos, pelos olhos, pela pele. Isso quer dizer que todas essas percepções passam a fazer parte dele, embora algumas ele possa rejeitar, o que ele manifesta por exemplo quando vomita o leite. A mordida surge em seguida com o nascimento dos dentes, quando aparece combinada à libido uma pulsão agressiva e destrutiva. É freqüentemente um momento em que as mães decidem desmamar o filho, muito mais como punição pela mordida que por um desejo propriamente dito de desmamar.

O objeto que satisfaz ao bebê, o seio, é primeiramente percebido como fazendo parte dele mesmo, e o desmame será para ele como perder uma parte de si mesmo. Daí a importância de que seja feito progressivamente e que a relação entre ele e a mãe se passe também pela fala e pelo olhar. Assim a criança se prepara para perder o seio, na medida em que este poderá ser substituído pela voz, pela palavra e pelo olhar. É também importante que nesse momento seja sempre o mesmo rosto que cuide dele, a mesma voz, o mesmo olhar, o mesmo cheiro, para que ele possa depois reconhecer a unidade de seu corpo e do de sua mãe.

A amamentação é em si uma situação rica em sensações sexuais, não somente para a criança mas também para a mãe, situação que se apóia num reflexo fisiológico. A sucção do seio provoca a contração do músculo uterino, o que se acompanha de excitação sexual. A erogeneidade dos mamilos também é fonte de sensações sexuais para a mãe. É muito importante que não somente a criança, mas que também a mãe tenha prazer com a amamentação. Algumas mães ficam muito inquietas com isso, o que pode provocar dificuldades na amamentação e até mesmo inibição da lactação. Outras vezes também, sem se dar conta, algumas mães se consolam com o bebê de suas frustrações eróticas, ficam muito coladas com ele, dando-lhe às vezes o lugar do próprio marido na cama. Tudo isso também influencia na harmonia ou desarmonia da relação entre a mãe e o bebê.

Todos os cuidados dados pela mãe induzem a sexualização precoce da criança, e é normal que seja assim, sendo a amamentação o tempo permitido à criança para permanecer nessa relação incestuosa. Mas essa relação deve ser proibida a partir de um determinado momento e submetida à castração para que a criança possa justamente ter acesso ao simbólico e à linguagem. O desmame é a interdição dessa relação com o seio. É frequentemente um traumatismo que provoca tristeza no bebê e deixa nele traços permanentes. É no momento do desmame que a criança se separa da mãe subjetivamente relembrando o nascimento. Esse momento é doloroso também para a mãe, mas é indispensável para a estruturação da criança. A separação do desmame é na realidade o reflexo de uma divisão interna na própria criança que funda o inconsciente e lhe faz entrar na linguagem, tornar-se falante. A criança mostra que está pronta para isso quando começa a brincar de deixar cair os objetos e esperar que retornem, o que acontece entre 6 e 18 meses. Ao mesmo tempo o intervalo entre as mamadas aumenta, algumas vão sendo suprimidas.

Ela pode suportar um tempo cada vez maior de ausência do seio. A brincadeira de deixar cair já é de certa forma a representação do desmame. Isso acontece porque a criança percebe que não satisfaz inteiramente a mãe, pois a mãe se interessa pelo pai. Com o desmame, a relação que era dual passa a ser ternária. E a criança que até então se percebia numa espécie de indissociação com a mãe, e que ainda não tinha noção da unidade do corpo da mãe, passa a percebê-la como objeto inteiro, ou seja, a voz, o olhar, o rosto, o cheiro, o seio, pertencem todos à uma mesma pessoa e desse conjunto mãe, ela não faz parte. Ela como se deixa então cair da mãe como deixa cair o seio e deixa cair um brinquedo, ao mesmo tempo em que sua autonomia muscular aumenta. Identificando-se com essa parte perdida de si mesma ela surge então como sujeito desejante. A linguagem se desenvolve, ela passa a se interessar por outros alimentos, outras pessoas, outros objetos, outras percepções.


Autora: 

Telma C. N. Queiroz
Psiquiatra, psicanalista, professora do Centro de Ciências da Saúde da UFPb e doutora em psicologia pela Universidade de Paris 13.

Bibliografia:


FREUD Sigmund: Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905) in __________: Obras psicológicas completas. Tradução sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1989, volume VII, pp.117-228. Edição Standard Brasileira.

FREUD Sigmund: Inibições, sintomas e ansiedade (1925-26) in ____________: Obras psicológicas completas. Tradução sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976, Volume XX, pp. 93-199. Edição Standard Brasileira.

HERBINET Etienne e BUSNEL Marie-Claire (direction): L’aube des sens. Les Cahiers du nouveau-né nº 5. Paris: Editions Stock, 1982, 414p.
LACAN Jacques: Le Séminaire – livre IV – La Relation d’objet. Paris : Editions du Seuil, septembre 1986, 379p.

LACAN Jacques: L’Angoisse. Publication hors commerce.
Document interne à l’Association Freudienne et destiné à ses membres.

LANOUZIÈRE Jacqueline: Histoire sécrète de la séduction sous le règne de Freud. Paris : P.U.F. 1991, 176p.

WINNICOTT D. W.: L’enfant et sa famille.
Paris: Petite Bibliothèque Payot, 1981, 214p.
Publicado em 18/04/2007

Fonte: Site Psicopedagogia Brasil

Mãe e a fronteira do céu

A relação de uma mãe com seu filho é de uma singularidade que nenhum outro vínculo afetivo é capaz de compreender.

"ser mãe é padecer no paraíso". Provavelmente trata-se de uma tradução leiga do Gênesis, do "parirás com dor", maldição lançada por Deus contra a mulher desobediente. A dor surge exatamente no momento da maior alegria que um ser humano pode ter: dar à luz um novo ser. A editora pergunta se não é exagerado associar a maternidade ao paraíso, mesmo que dolorido. Pensa-se que não. Isso fala de uma especificidade do amor materno, diferente do paterno.
Estudemos uma cena mais que habitual. Pai, mãe e filho-bebê estão na sala. O bebê fala, por assim dizer, faz um barulho como "ióóó". O pai fica indiferente, a mãe exclama: "Ah, coitadinho, está com fome". Passado certo tempo, lá vem o bebê de novo, agora com: "heiuc, heiuc". Pai, impassível. Mãe: "Você viu como ele está contente com o novo chocalho?". Daí, em seguida, para dizer que "spé, spé" é dor de ouvido, fica fácil. O pai disfarça seu espanto descrente desse diálogo, a ele, esquisitíssimo. Mas imagine só se não houvesse alguém suficientemente "imaginativo", sendo delicado, para interpretar esses primeiros balbucios incompreensíveis a um pai?

A RELAÇÃO DA MÃE COM UM FILHO É IMEDIATA. O PAI FICA LOUCO PARA QUE O FILHO COMECE A FALAR E ANDAR PARA QUE ELE O SINTA COMO SEU FILHO
A relação de uma mãe com um filho é imediata, ela não depende das formas estabelecidas da cultura. O pai fica louco para que o filho comece a falar e andar para que ele o sinta como seu filho. Batismo para pai é o primeiro jogo de futebol juntos. Ah! Aí a alegria independe do resultado do jogo! Mãe, não. Vejamos outro exemplo, mais triste, mas não menos evidente. O que vemos nas filas das portas dos presídios em dias de visitas? Mães ou pais? Mães, a resposta é fácil, dada a grande discrepância. Como amor de mãe não tem o intermediário da cultura - é direto -, filho nunca é criminoso, é sempre, e antes de tudo, filho. Chico Buarque cantou esse aspecto em Meu guri, a história daquela mãe que diante de todas as evidências da bandidagem do guri, continuava a vê-lo como um anjo de altar. Assim são as mães.
Se paraíso é a contemplação direta do divino, ser mãe tem um quê de paradisíaco, pois assim ela vê seu filho. E a dor? Ora, a dor, paradoxalmente, pode até ser buscada como marca de ligação com o filho, do gênero da equação emocional: "Se sofro dessa maneira, é só por você, porque você é meu filho". É o uso do sofrimento como assinatura do cartório do paraíso.
Hoje, de fato, está um pouco em desuso choramingos maternais. A liberação sexual e econômica da mulher é um pouco incompatível com essa ideia de mater dolorosa; fala-se, então, em uma mãe real. Mas o que será isso: "mãe real"? Aquela que cuida dos filhos, que trabalha, se arruma e namora? Sim, conhecemos essa mãe, é a mãe objetiva, que vive reclamando de seus vários empregos, fora de casa e em casa, que requer direitos sobre sua alegada dupla ou tripla jornada de trabalho, que está exausta, arre! Pobre moça! Será que não fica mais fácil dizer sobre sua satisfação de poder ter vários papéis e ainda manter só para si o prazer enorme de poder traduzir um grunhido de uma criança em: "te amo, mamãe", ao qual pai nenhum pode contestar?
Existem mães que, preocupadas com suas imperfeições, exageram na busca de manuais da mãe exemplar. Não é um bom caminho, acabam dando material para as caricaturas tão conhecidas do Ziraldo. Não existe mãe perfeita nem ideal, há, sim, para cada um, alguém que cumpre essa função com suas qualidades e defeitos. E é sempre melhor que o fi- lho enfrente o defeito de uma mãe que o de um suposto técnico em maternidade. Falava-se antigamente que a mãe perfeita seria a mãe asmática, pois ao responder imediatamente a cada pedido do filho, antes mesmo que ele se pronunciasse, acabava por sufocá-lo.
Enfim, mãe, sofrer no paraíso é demasiadamente humano e mortal. É o passaporte de dupla nacionalidade: o de fora e o de dentro da cultura; é a fronteira do céu.

Fonte: Revista Psique

Jorge Forbes é psicanalista e médico psiquiatra. É analista membro da Escola Brasileira de Psicanálise (A.M.E.), preside o IPLA - Instituto da Psicanálise Lacaniana e dirige a Clínica de Psicanálise do Centro do Genoma Humano da USP. www.jorgeforbes.com.br

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Desfraldamento para iniciantes


Adorei esta matéria que li no site BabyCenter. Espero que gostem!




Não é de estranhar que você não veja a hora de seu filho largar logo as fraldas. Afinal vai parecer um sonho não precisar mais trocar fralda a toda hora, sem contar a economia! Mas você sabe quanto tempo demora o processo todo do desfraldamento?

É verdade que para algumas crianças o problema todo se resolve em poucos dias. Porém, para a maioria, é um aprendizado que pode levar meses.

As chances de sucesso serão muito maiores se a família toda estiver bem informada e deixar bem claro para a criança o que vai acontecer. 

1 - Tenha certeza de que a criança está pronta 

Existe uma idéia mais ou menos generalizada de que a idade certa para tirar a fralda da criança é por volta dos 2 anos. Mas cada pessoa é diferente e, assim como elas aprendem a andar em momentos distintos, a hora ideal para aprender a fazer xixi e cocô no penico ou na privada pode variar muito.

Há algumas crianças que só ficam realmente preparadas para iniciar o desfraldamento quando têm mais de 3 anos. Para saber se é o caso do seu filho, confira nossa lista de sinais de que chegou a hora.

Se achar que seu filho não está pronto, resista à pressão da família e da escola, ou então faça uma tentativa sabendo que é provável que tenha de voltar atrás antes que o estresse se instale. 

2 - Providencie os equipamentos necessários 

Não é nada muito complicado: arranje um penico ou um adaptador para o vaso sanitário, um anel que evita que a criança "caia" dentro da privada. Talvez seja melhor começar com o penico: com os pés apoiados no chão, a criança vai ter mais facilidade para fazer força na hora de fazer cocô.

Um livrinho sobre o assunto pode ajudar, mas não é essencial. 

3 - Deixe seu filho se acostumar ao penico 

Para começar, acostume seu filho a se sentar no penico uma vez por dia, mesmo que ainda sem tirar a roupa. Escolha um momento em que ele costuma fazer cocô -- depois do café da manhã, depois do almoço ou antes do banho.

Se ele não quiser se sentar, deixe estar. Nunca force a criança a sentar no penico, nem a segure. E não force a barra se seu filho estiver assustado. As consequências no futuro podem ser bem ruins, principalmente por causa da prisão de ventre.

Caso a criança resista a se interessar no desfraldamento, o melhor é esquecer o assunto por algumas semanas, e depois fazer uma nova tentativa. Nessa fase, não precisa nem explicar muito para que serve o penico. O objetivo é só acostumá-lo ao objeto. 

4 - Sente-o no penico sem a fralda 

Depois da fase de acostumar a criança a sentar no penico, sua meta vai ser convencê-la a sentar sem a fralda. Segure a ansiedade e deixe que ela só se sente ali, para ver como é. E comece a explicar direitinho que é isso que a mamãe e o papai fazem todo dia: sentam lá (no vaso sanitário, no caso de vocês) para fazer as necessidades.

Se seu filho captar logo a idéia e já fizer alguma coisa, ótimo! Mas não o force a conseguir. É importante que o interesse no processo seja dele, não seu. 

5 - Explique o processo 

Uma boa idéia é mostrar para a criança para onde o cocô vai. Quando ele fizer cocô na fralda, leve a fralda suja até o penico e ponha o cocô ali, para mostrar onde é o lugar certo. Depois, esvazie o penico jogando as fezes no vaso sanitário, e dê ao seu filho o privilégio de ajudar a apertar a descarga (só se ele quiser -- há crianças que têm medo).

Mostre também que depois é preciso vestir a roupa de novo e lavar as mãos. 

6 - Incentive seu filho 

Estimule a criança a usar o penico sempre que tiver vontade de fazer xixi ou cocô. Deixe bem claro que basta que você poderá levá-la ao banheiro. Se der, aproveite uma época de calor, que é mais favorável para o processo, e deixe-a circular pelada, com o penico bem à vista.

Diga a seu filho que ele pode usar o penico quando quiser, e o lembre de vez em quando.

Mas preste atenção: não adianta ficar levando a criança de hora em hora ao banheiro. Você precisa ensiná-la a pedir. Senão, na primeira oportunidade em que você esquecer de levá-la, ou estiver fazendo outra coisa, o xixi vai escapar na roupa mesmo. A comunicação e o controle do esfíncter (que variam, dependendo da maturidade de cada criança) são fundamentais para o processo de desfraldamento. 

7 - Capriche na cueca e na calcinha 

Cuecas e calcinhas de personagens ou com desenhos fazem sucesso. Você pode fazer um grande carnaval, mostrando ao seu filho como ele é grande e importante por já usar cueca (ou calcinha, no caso de meninas).

Mas você não precisa usar a roupa de baixo bonitinha e cara o tempo todo. Arranje também umas bem baratinhas, porque os acidentes serão inevitáveis e as trocas, bem frequentes.

Existem também fraldas de treinamento, as chamadas pull-ups. A vantagem é que elas funcionam como fraldas, mas são vestidas como uma calcinha ou cueca, portanto dá para a criança abaixar e levantar sozinha, se quiser ir ao banheiro. Muito mais fácil que abrir e fechar a fralda. O inconveniente é que elas são caras e difíceis de encontrar. Uma alternativa é ter um pacote só para sair, quando você não pode arriscar uma escapada de xixi ou cocô.

Temos um artigo especial sobre como desfraldar meninas e desfraldar meninos -- não deixe de ler. 

8 - Tenha muita calma na hora dos acidentes 

As escapadas e acidentes acontecem com praticamente todas as crianças, não tem jeito. É difícil manter a calma, mas se esforce para não perder o controle. Não vale a pena castigar ou punir a criança pela escapada. Os músculos dela estão ainda aprendendo e treinando o controle das fezes e da urina, e o processo leva algum tempo.

Quando acontecer o acidente, limpe tudo com tranquilidade e só diga ao seu filho que, da próxima vez, vai ser mais legal se ele usar o peniquinho.

Caso os acidentes fiquem muito frequentes, tenha a sabedoria de voltar atrás sem medo ou vergonha. É possível que o organismo do seu filho ainda não esteja preparado, e é melhor voltar a tentar daí a alguns meses. 

9 - Comece a fazer o desfraldamento noturno 

... Mas só quando a criança estiver preparada! Pode demorar -- anos até! O organismo da criança demora bastante para ser capaz de despertá-la se for necessário fazer xixi no meio da noite.

O que você pode fazer é tentar diminuir a quantidade de líquido que seu filho toma antes de dormir, e dizer a ele que chame você se precisar ir ao banheiro durante a noite. Só se aventure a tirar a fralda noturna quando, por diversas noites seguidas, a fralda tiver amanhecido completamente seca.

E saiba que, mesmo que tudo dê certo, um xixi na cama ou outro fazem parte da infância. 

10 - Parabéns, você conseguiu! 

Acredite. Por mais que demore, seu filho vai aprender a fazer xixi e cocô no lugar certo. E aí você não vai precisar trocar fraldas por um bom tempo -- bom, pelo menos até o próximo bebê, ou quem sabe o netinho...

Como ensinar o bom comportamento





O objetivo da sua vida não precisa ser criar um filho obediente. O essencial é que ele saiba diferenciar o certo do errado, mesmo que não haja ninguém a quem obedecer. Por isso, não adianta só dar bronca quando a criança apronta. Nessa hora, tente transformar a situação numa oportunidade para ela aprender alguma coisa. 

Falar é fácil. Quando os pais estão nervosos (quando a criança bate ou morde, por exemplo), muitas vezes não há sangue frio que chegue. 

Veja algumas estratégias para usar no dia-a-dia: 

- Seja você tão educado e bonzinho quanto quer que ele seja. Crianças aprendem por imitação. 

- Olhe nos olhos da criança quando falar com ela (mesmo para dar bronca), e procure ser respeitoso, mesmo que esteja bravo. Faça o máximo para manter o tom de voz baixo. 

- Diga o que quer que ele faça, não o que não quer. Em vez de "Não fique em pé na cadeira!", prefira "É para ficar sentado". 

- Crie regras simples, e poucas. Não correr na rua e não bater são regras que crianças desta idade conseguem entender. Para diminuir os "Não mexe aí", tire as coisas frágeis do alcance. 

- Elogie sempre o bom comportamento. 



Fonte :Babycenter.com

A perigosa cultura do pronto-socorro



Há 50 anos atrás, praticamente não existiam pronto-socorros pediátricos. Em caso de emergência ou quando as condições não permitiam levar o doente ao consultório, o médico era chamado para uma consulta a domicílio. Geralmente o médico atendia o chamado após o horário do consultório e não eram raras as visitas já tarde da noite ou até de madrugada. Os mais velhos conhecem pessoalmente e os jovens ouviram falar de médicos lendários que ficavam na casa do paciente em longas conversas sem pressa que começavam com uma toalha limpa para enxugar as mãos e terminavam com um cafezinho caprichado.

Aí surgiram os pronto-socorros, ao mesmo tempo que o trânsito nas grandes cidades se transformava num complicador para as visitas a domicílio.

O PS pediátrico presta grandes serviços, mas nos últimos anos está havendo uma (perigosa) distorção do uso desse serviço. O que era (e é) apenas para atender emergências está sendo utilizado como recurso para consultas pediátricas comuns. E essa nova e perigosa “cultura do pronto-socorro” contaminou todas as camadas sociais, tanto as menos favorecidas como até as de melhor nível sócio-econômico. Hoje é comum o plantonista atender tosses de 2 semanas de duração, asma fora de crise, resfriados e faringites comuns. E se a criança não melhora... a família volta ao PS (o mesmo ou outro) mas sempre atendido por um plantonista diferente... Qual o problema? Mesmo sendo um excelente médico, o plantonista nunca viu, não conhece as características da criança e vai ter que receitar para esse paciente, o qual provavelmente nunca mais verá. 

Talvez para agradar o paciente, vê-se receita de 14 dias de antibiótico para uma sinusite. É errado? Não necessariamente. Mas como essa criança vai tomar antibiótico durante todo este tempo sem que se faça uma revisão no meio do tratamento?

Qual a explicação para essa “cultura do PS”?

Em primeiro lugar, provavelmente um certo comodismo da sociedade atual que prefere ir a um lugar que atende as 24 horas do dia. Mas essa comodidade, não raro, custa caro, com espera prolongada na sala de espera.

Outros dizem que fica mais fácil para fazer exames de laboratório. Mas exatamente por essa facilidade e aliado ao fato do plantonista não conhecer o doente e não ter possibilidade de pedir retornos e contatos telefônicos, ocorre um exagero no pedido de exames e RX, nem sempre necessários. E aí mais tempo dispendido.

O pediatra que acompanha regularmente a criança é o clínico que pode dar uma orientação contínua e pedir os exames realmente indicados.

Então como é que fica?

Oriente seu paciente para:

1) Levar ao PS nas emergências verdadeiras como falta de ar, convulsão, febre altíssima, vômitos que não param.... e no caso em que o pediatra não pode ser encontrado.

2) Assim que possível, comunique o ocorrido ao seu pediatra. Ele vai orientar a continuação do tratamento. 

3) Nunca procure fazer tratamentos completos no PS, fazendo retornos frequentes com plantonistas diferentes. 

• Pronto socorro é ótimo para cuidar de urgências.
• Não deixe de comunicar ao seu pediatra para que ele oriente a continuação do tratamento.
• Seu pediatra deve ser consultado regularmente para que ele possa cuidar da saúde (não só da doença) de seu filho.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria

Massinha de modelar caseira


Adorei esta dica

Use esta receita para fazer massinha colorida de longa durabilidade, se conservada em um recipiente hermeticamente fechado (qualquer recipiente selado que bloqueia a entrada de ar) e/ou na geladeira.
E o melhor é que você saberá exatamente o que o seu filho ingeriu caso ele coloque na boca!


Ingredientes

Massinha caseira- 1 xícara de sal de cozinha
- 4 xícaras de farinha de trigo
- 2 colheres (de sopa) de óleo
- 1 colher (de sopa) de vinagre
- 1 1/2 xícara de água
- corantes alimentícios de várias cores
ATENÇÃO: certifique que seu filho(a) não é alérgico(a) a nenhum dos ingredientes acima.



Modo de fazer

Passo 1
Massinha caseira
- Separe todos os ingredientes e coloque-os em uma tigela grande, misturando-os com as mãos. Não há ordem a ser seguida.
- Se você vive em um clima mais úmido, ou se a a massa ficou muito úmida ou pegajosa, adicione uma pitada a mais de farinha.
- Ficou muito seco? Adicione um pouquinho de água.
Passo 2
Massinha caseira
- Pegue uma bola da massinha e faça um buraco com o dedo. Pingue algumas gotas de corante alimentar. Dobre cuidadosamente a massa por várias vezes, até que a cor esteja bem misturada.
Passo 3
Massinha caseira
- Coloque cada cor em um recipiente hermeticamente fechado.
- Ele pode ser guardado na geladeira, mas isso não é estritamente necessário.
- Se começar a secar ao longo do tempo, adicione um pouco de água. Essa massa dura vários meses.
Massinha caseira

Fonte: Site Pediatria Brasil

Saiba mais sobre Puericultura



Puericultura: 

É uma especialidade médica que leva em conta a criança, sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico-sócio-cultural.
 
Nas consultas periódicas, o pediatra observa a criança, indaga aos pais sobre as atividades do filho, reações frente a estímulos e realiza o exame clínico. Quanto mais nova a criança, mais frágil e vulnerável, daí a necessidade de consultas mensais. Em cada consulta é avaliado como a criança se alimenta, se as vacinas estão em dia, como brinca, condições de higiene, seu cotidiano... 
                 É importante também o pediatra conhecer o seu bebê !

O acompanhamento do crescimento, através da aferição periódica do peso, da altura e do perímetro cefálico e sua análise em gráficos, são indicadores das condições de saúde das crianças. Sempre, a cada consulta, bebês, pré-escolares, escolares e jovens devem ter seu crescimento avaliado.

 Crescimento  é o ganho de peso, altura – um fenômeno quantitativo, que termina ao final da adolescência. 
 Desenvolvimento é qualitativo, significa aprender a fazer coisas, evoluir, tornar-se independente e geralmente é um processo contínuo. 

O conjunto é sempre analisado a cada consulta pediátrica e o pediatra é a pessoa mais indicada para orientar os pais em relação à saúde de seus filhos, no sentido amplo da palavra saúde, ou seja, no seu contexto bio-psico-sócio-cultural, sempre levando em conta todos esses aspectos. 

É muito importante que os pais possam estabelecer uma relação de mútua cooperação com o seu pediatra, tirando dúvidas, tendo alguém de confiança a quem recorrer nos casos de doença, podendo, enfim, ter alguém habilitado a ajudar cuidar adequadamente de seu filho. 
               

 Vejamos, então, a dicas de Puericultura:

  •  Escolha o seu pediatra antes do bebê nascer ! 
  • Peça uma visita dele ainda na maternidade, para que ele possa orientar a amamentação, tirar suas dúvidas iniciais e já conhecer a família !
  • Quando tudo na maternidade ocorreu dentro do esperado e não houve nenhuma outra orientação à alta hospitalar, o RN deve ir ao pediatra aproximadamente aos 7 dias de vida, para se avaliar como está indo o aleitamento materno (que deve ter sido orientado desde a maternidade), para se avaliar o ganho de peso, o crescimento, entre outras coisas... Se tudo estiver dentro do esperado... com 1 mês deve-se ter a segunda consulta.  A partir daí, sugerimos que as consultas para acompanhamento normal da criança sejam: Até um ano : consulta pediátrica mensal 
         No início da vida, as consultas devem ser frequentes, pois nessa fase de adaptação mãe-filho, pais-filhos, é fundamental uma supervisão próxima, tanto para tirar dúvidas, como para orientações e um acompanhamento que garanta um desenvolvimento e crescimento saudável da criança.        

De 1 a 2 anos: consulta bimestral a trimestral

Dos 2 aos 4 anos: consulta semestral

Acima de 4 anos: consulta anual, até se iniciar a adolescência, quando novamente devemos estreitar a observação clínica a cada 6 meses, no mínimo.

Estas recomendações são válidas para o acompanhamento da criança saudável, ou seja, sem nenhum agravo, seja este físico, psíquico, alimentar, ou de qualquer outra natureza, assim sendo, se no acompanhamento da criança acontece qualquer alteração, doença ou situação que precise ser mais avaliada ou supervisionada, o pediatra pode precisar de consultas e/ou retornos mais próximos ou frequentes. 

 Fonte: Dra Raquel Quiles e Sociedade Brasileira de Pediatria

Como lidar com o medo infantil? Conheça cada fase





O medo faz parte da natureza humana, é uma emoção desagradável que se dá quando a criança sente que existe um perigo real ou imaginário.
É um estado emocional que ativa os sinais de alerta do corpo perante os perigos e é uma importante etapa no desenvolvimento de cada criança.  Uma certa dose de medo é uma ajuda para a sobrevivência.
Todas as crianças têm medo em algum momento da sua infância, embora existam crianças mais medrosas que outras. Alguns medos como a percepção do estranho a partir dos seis meses, fazem parte do desenvolvimento da criança e este indica que a criança tem um desenvolvimento considerado adequado, embora alguns medos possam desencadear-se a partir de alguma experiência menos agradável.
Identificar a origem ou mesmo a existência do medo exige dedicação. É preciso estar atento aos sinais demonstrados pela criança e saber conversar com ela sobre o que lhe causa esse medo. A atitude dos pais é fundamental, é importante que falem com naturalidade dos medos para que a criança os aceite e os exprima. Os contos e os jogos em família são importantes em todo o processo de desenvolvimento, tendo na fase dos medos um papel fundamental. Por exemplo, os contos infantis facilitam o contato com o medo. A criança vive, através do protagonista, conflitos e momentos de medo que acabam por ser resolvidos e pede muitas vezes para os pais repetirem a mesma história. Os contos lidos ou explicados pelos pais são a melhor maneira de viver e partilhar todas as emoções para que a criança não se assuste. Alguns jogos infantis como as escondidas são muito importantes na brincadeira, pois também ajudam a suportar por exemplo a inquietude da solidão e do escuro. Algumas crianças ficam tão inquietas que se não forem logo encontradas acabam por abandonar o esconderijo. As mais pequenas adoram que o adulto demore a encontrá-las.
Se os medos não interferirem na vida da criança são considerados normais e o mais provável é que desapareçam sozinhos. A maior parte dos medos infantis desaparece espontaneamente por volta dos oito anos, alguns podem persistir até à adolescência ou por mais algum tempo. Para que os medos sejam considerados normais, não devem interferir na vida quotidiana da criança, caso contrário será importante consultar um especialista.
“Para compreender melhor os seus filhos é importante que os pais saibam quais os medos habituais em cada idade”
Em bebês:
Durante o primeiro ano de vida, o bebê é sensível a estímulos intensos, por exemplo perante barulhos estranhos ou altos e luzes intensas chora para mostrar o seu mal-estar. Por volta do oitavo mês a criança assusta-se quando algum estranho se aproxima de si. É uma reação normal e necessária para o desenvolvimento psicológico da criança. Nesta idade a criança sente-se segura quando está com pessoas conhecidas e considera perigoso o desconhecido.
Entre os dois e os quatro anos:
Neste período predomina o medo dos animais, primeiros dos grandes e depois dos pequenos. Algumas crianças manifestam medo de pessoas mascaradas mostrando alguma prudência mesmo com os palhaços.
Surge também o medo do escuro, que é o equivalente ao medo de estar sozinha. Por este motivo a partir do segundo ano pode começar a ter dificuldade quando vai para a cama tendo por vezes medo em adormecer, pedindo muitas vezes aos pais para deixarem a porta aberta. É conveniente aceitar este pedido, mas deve-se ir encostando progressivamente a porta até que a criança se habitue ao escuro. Por volta dos quatro anos, os pesadelos são frequentes, muitas vezes a criança pode acordar a gritar, sem saber exactamente o que sonhou.
Até aos seis anos:
Por volta dos cinco anos a criança começa a ter medo do dano físico. É a fase da imaginação fértil, que se pode intensificar na hora de dormir, existindo fantasias assustadoras, os seres imaginários como animais e monstros. Podem surgir receios aos espaços abertos e cheios de gente.
Nestas idades, o medo costuma contagiar-se, por isso algumas crianças sensíveis sentem mais medo quando estão com pessoas medrosas.
Dos seis aos oito anos:
Predomina o medo das sombras, fantasmas ou ladrões. São receios em relação ao invisível. Aos oito anos a criança começa a estar muito sensível ao tema da morte, descobre a morte como fim a qualquer instante e tudo o que acaba a inquieta.
A criança tem maior consciência do perigo e às vezes de uma maneira exagerada, por exemplo se os pais saírem de casa sem ela, receia que lhes aconteça alguma coisa. Embora a criança nesta idade já seja muito autónoma, continua a precisar muito dos pais e receia perdê-los, este medo pode manifestar-se através de queixas, de mal-estar físico e cansaço que se repercutem no rendimento escolar.
Dos nove aos doze anos:
As crianças têm medo dos incêndios, acidentes e doenças graves. Também surge o medo quando os pais discutem, pois receiam que se separem. Aparecem medos relacionados com a escola, tais como, a possibilidade de repetirem o ano, o fato de tirarem más notas e os pais poderem receber algum aviso de mau comportamento.
"Brinque com o seu filho e entre na fantasia dele. As experiências lúdicas ajudam a lidar com as suas ansiedades, o bicho mau é um exemplo"
Como lidar com o medo:

- Dar atenção, questionar e estimular a criança a enfrentar o medo. Ela encontrará sozinha uma solução para as suas fantasias.
- Não fale demasiado sobre o assunto para evitar que a criança fique mais ansiosa.
Mude de assunto e distraia.
- Fale sempre a verdade sobre os medos reais para que a criança tenha a noção de perigo. Ela tem de saber por exemplo que as escadas e as piscinas representam alguns riscos, mas não é preciso exagerar.
- Brinque com o seu filho e entre na fantasia dele. As experiências lúdicas ajudam a lidar com as suas ansiedades, o bicho mau é um exemplo.
- Bonecos e brinquedos treinam a criança para a vida. As crianças gostam de representar em brincadeira o sentimento de medo frente a uma situação real, como a ida a um hospital.
- Faça a apresentação formal das pessoas para que a criança saiba que aquele estranho tem autorização dos pais para se aproximar.
- Ofereça objetos para que a criança se sinta mais segura, principalmente na hora de dormir. São os objetos aos quais chamamos transacionais e que reduzem a ansiedade da criança até adormecer.
- Avalie a intensidade do medo e fique atenta para o limite da normalidade, que faz parte da rotina saudável da vida.
- Não use o medo como meio de poder. Para além das ameaças serem desagradáveis reforçam o medo.
Texto: Sandra Antunes, Téc. Sup. Educação Especial e Reabilitação, Psicomotricista, Centro de Desenvolvimento Infantil Estímulopraxis

Seu filho(a) tem dermatite atópica? Saiba como cuidar da sua pele.


A dermatite atópica é uma doença crônica, que deixa a pele seca e muitas vezes inflamada. A coceira é o sintoma principal. Inicia geralmente nos primeiros anos de vida e afeta crianças com história pessoal ou familiar de asma, rinite ou mesmo de dermatite atópica. Além da genética, alguns fatores externos podem contribuir para o aparecimento das lesões na pele.
Por que a pele coça?
Existem alterações genéticas que rompem a camada de proteção e deixam a pele mais suscetível à penetração de substâncias potencialmente irritantes, que vão gerar a inflamação. A própria pele seca, por si só, provoca a coceira. Coçando, permitimos a entrada de novas substâncias irritantes. Este ciclo interminável de coceira-lesão-coceira prejudica a qualidade de vida das crianças, provocando alterações no sono, irritabilidade e até estigmatização escolar. A hidratação é uma das principais ferramentas para conter a coceira e a inflamação. Assim como nos conscientizamos da importância do filtro solar, precisamos reconhecer a importância do creme hidratante para proteger e fortalecer a pele.
Algumas dicas para manter a pele da criança saudável:
• hidratar a pele pelo menos 2 vezes ao dia, com hidratante hipoalergênico;
• o banho deve ser rápido, morno e com pouco sabonete;
• utilizar sabonetes brancos sem muito cheiro, ou glicerinados;
• usar somente roupas de algodão, inclusive o uniforme da escola;
• lavar sempre as roupas do seu filho com sabão líquido claro e não usar amaciante;
• limpar o vaso sanitário de casa apenas com álcool ou detergente neutro.
Alimentação e clima
É muito raro a criança ter alergia a um alimento junto com a dermatite atópica. Quando acontece, geralmente se dá antes de um ano de idade e está relacionada principalmente ao leite, ovos, trigo e soja. A análise e determinação de uma alergia alimentar deve ser feita sempre pelo médico.
As situações de estresse também podem piorar a dermatite, bem como as alterações climáticas com mudanças bruscas de temperatura, calor excessivo (transpiração) e baixa umidade do ar.
Conheça os grupos de apoio à dermatite atópica no Brasil: www.aada.org.br

Fonte:  Site Conversando com o Pediatra
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